Para entender quais são as vantagens da metodologia Lean Construction, é preciso considerar a situação atual do setor de construção civil perante às práticas de sustentabilidade. Isso porque é um dos setores que mais consomem recursos naturais, gerando uma quantidade exorbitante de resíduos que causam consideráveis impactos ambientais e econômicos.
De acordo com entrevista feita com o pesquisador da University of California, o engenheiro mecânico e administrador Wilmar Mattes, “estima-se, internacionalmente, que entre 40% e 75% dos recursos naturais existentes são consumidos por esse setor, resultando, assim, em uma enorme geração de resíduos. Só no Brasil, a construção gera 25% do total desses resíduos”.
Por conta desta demanda crescente em ter uma visão mais sustentável para projetos – que vão desde os impactos já citados, como também de políticas de ESG cada vez mais necessárias para empresas de todos os portes – o Lean Construction se torna indispensável para diversos projetos, inclusive sendo um modelo de trabalho já empregado pela Engemon atualmente.
Entenda o conceito de “construção enxuta” que prega o Lean Construction
O Lean Construction é um termo inglês para designar um processo de construção enxuta que teve seu início na década de 1980. Esse modelo de trabalho tem como princípio o “modelo T”, de Henry Ford, que, logo após a 2ª Guerra Mundial, com a fragilização japonesa e a falta de recursos, contou com a criação da Toyota de um modelo de sistema de produção baseado na eliminação de desperdícios e no uso consciente da matéria-prima.
O modelo STP, ou seja, o Sistema Toyota de Produção, tornou-se base somente em 1990 para o que conhecemos como Lean Manufacturing (Manufatura Enxuta). Esse conceito de Lean começou então a ser utilizado fora das fábricas, influenciado outros ramos, como o da construção civil, que aplicou princípios do pensamento clean para seus projetos, desde a gestão da produção até sua finalização.
O objetivo principal é agir considerando fundamentos sustentáveis, ou seja, evitar desperdícios de ordem econômica, produtiva e claro, de matéria prima. Sua abordagem inclui a aplicação do pensamento clean, como já dito anteriormente, para o ambiente de construção no processo de gestão da produção, com algumas ferramentas de apoio (podemos citar o ciclo PDCA, por exemplo) até a finalização, agregando conceitos de TQM (Total Quality Management, ou Gestão da Qualidade Total), JIT (Just in Time, momento exato) para aumentar a performance e evitar desperdícios em geral.
O que é priorizado em um projeto sob a ótica do Lean Construction?
Como este processo destaca a necessidade de agilidade, produtividade e descarte de quaisquer desperdícios – desde gerenciamento até o uso de recursos naturais em si -, o Lean Construction se pauta em três grandes pilares:
#1 Definir valores da produção
Agregar valor é um princípio ligado tanto no projeto, quanto na gestão da produção em si. Nesse processo, necessidades dos clientes internos e externos devem ser identificadas e entendidas como metas norteadoras para toda a equipe envolvida. Isso cria uma gestão mais transparente e um planejamento do projeto considerando reduzir a variabilidade do processo.
#2 Eliminar desperdícios
Um dos objetivos essenciais do Lean Construction é otimizar o processo, ou seja, detectar quais atividades do fluxo de produção podem ser eliminadas para aumentar a eficiência e tornar o modelo de trabalho mais direto.
#3 Otimizar o tempo
Para que de fato se tenha um “modelo de construção enxuto”, fazer mais em menos tempo é um grande norte do Lean Construction. Modelos como o JIT (Just In Time), por exemplo, são utilizados para criar um ambiente e produção sob demanda, reduzindo custos de estoque e derivados no processo.
Lean Construction aplicado no Mercado de Santo Amaro (SP)
No início de 2021, o consórcio Fênix (formado pelas empresas Engemon, Houer, Supernova e Urbana) completou seis meses do início das obras de reconstrução e modernização do Mercado de Santo Amaro (SP), que teve 70% de seu espaço destruído em 2017 em um incêndio.
Com uso de realidade aumentada, sistemas inteligentes e um processo de construção enxuto, baseado na metodologia Lean, o projeto transformará o espaço em um polo turístico, gastronômico e cultural da cidade, mantendo elementos históricos da construção com o menor impacto aos comerciantes que atuam no local.
“Há uma grande expectativa para que o Mercado volte a operar como antes do incêndio. Nosso objetivo é também modernizar e qualificar essa operação, evitando impactos aos locatários e ao público, já sensibilizados pela tragédia que atingiu o local em 2017. Assim, utilizamos técnicas que permitem liberar determinados espaços ao longo da reconstrução. Com o uso de estruturas pré-moldadas no prédio e estruturas metálicas no mezanino promovemos o reaproveitamento dos espaços, a otimização e aceleração de processos, bem como evitamos a geração de quantidades relevantes de resíduos”, explica Sonia Keiko, vice-presidente de Novos Negócios e Inovação da Engemon.
O modelo de Lean Construction também contempla transparência dos processos. Para auxiliar neste ponto, o Consórcio Fênix utilizou realidade aumentada e implementou um sistema para que o público e também os locatários possam visualizar como ficará o Mercadão após a revitalização. Na entrada do espaço há um QR Code. Basta direcionar a câmera do celular para o símbolo para ter acesso a vídeos com simulações das instalações após a conclusão das obras.
A segurança também será essencial ao longo e após as obras. Sistemas inteligentes serão implementados para o monitoramento e manutenção preditiva de todas as instalações. Assim, será possível saber com antecedência, o quê e quando deve ser trocado ou revisitado pelas equipes de manutenção e controle.
“Teremos sistemas adequados às mais modernas técnicas de prevenção e manutenção, inclusive na parte elétrica, que infelizmente foi a responsável pelo incêndio de 2017. Os boxes somente serão entregues aos locatários após uma rígida aprovação de controles diversos, de modo a garantir que sigam todas as normas vigentes”, explica a executiva da Engemon.
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